26 abril 2015

Sair da zona de conforto

Esta semana ví esta frase citada na conferência geral:
 " muitas vezes, o que mais desejamos está fora da nossa zona de conforto".


Isso me lembra minha decisão em  sair de casa ano passado e vim morar nos Estados Unidos.
Toda a vez que a gente sai de casa para ir a algum lugar, na verdade o que queremos é encontrar a  nós mesmos.
Queremos buscar ao longe o que nos satisfaz, e nessa busca do que nos satisfaz,  ás vezes, percebemos que é ao sair da nossa zona de conforto que realmente conseguimos chegar a nós. 
Parece uma duplicidade dizer que muitas vezes para nos conhecer precisamos sair do meio dos que nos pertence, viver o desconforto do misterioso, o enigma do oculto, conviver com estranhos, dar de cara com as dificuldades do desconhecido, para conseguir chegar a regiões inexploradas da nossa alma.
Existem partes da nossa alma que ainda não conseguimos explorar.  E é aquela pessoa com quem não tenho facilidade em me relacionar, aquela pessoa de personalidade diferente da minha, aquela pessoa fatigante, complexa, é ela quem vai me ajudar a chegar onde não consegui chegar sozinha.. E já ouvimos falar que é no desconforto que Deus trabalha conosco, é no processo da metamorfoose que grandes transformações acontecerão dentro de nós, e é quando Deus trabalha conosco que sentimos nossa alma, e nos sentimos em nós mesmos.
Buscar o que eu desejava, mesmo que isso estivesse longe da minha zona de conforto, me fez entender que na minha zona de conforto eu tinha a felicidade do seguro, de gostar do que vivia, mas também vi a importância de viver apossada do que desejo, do que sinto prazer, do que me faz feliz. Quando você faz o que não te faz feliz, ou vive longe da realidade que queria, voce não é inteiro, você está rasgado ao meio. Parte de você está em casa, seguro , e a outra parte está vazia. Assim é a tristeza de viver sem o que gostaria, ela te despedaça e é como se voce tivesse perdido sua plenitude e não sentisse sua alma em você porque há uma quebradura.


Frank Tyger disse:

"Fazer o que você gosta é liberdade.

Gostar do que você faz é felicidade"


Fazer o que não gosta e nem gostar do que faz te deixa como se voce estivesse vivendo só a medida concreta da vida, e isso te deixa com a sensação de preso, e isso te consome, te fadiga. Tudo que voce faz que não te faz feliz é detestável, é prisão, e você não sente a satisfação do cansaço! Mas quando você gosta do que faz, até o cansaço provocado por todo o fim da tarefa cumprida. é um cansaço satisfatório
Assim é a tristeza provocada quando tu não sente a tua alma. Quando tu não encontra  a própria alma, o próprio eu, tu ta vivendo só a medida concreta da vida. E muitas vezes, para se encontrar é preciso uma longa viagem para o desconhecido. E é aí que chega aquele ponto que falei que é quando Deus
começa a nos moldar. Deus não só nos molda, mas também nos apresenta como estávamos errando com os outros dentro da nossa própria casa.
Muitas vezes somos desumanos e duros uns com os outros sem perceber que somos.
Muitas vezes, nós dizemos que estamos convertidos a Cristo, quando nossa alma ainda está cheia de regiões inexploradas, e essas regiões ainda estão doentes e não sabemos. E a verdadeira conversão é quando  você nota isso  e  começa a gerenciar essas partes.
Ás vezes temos motivos e razões suficientes de sermos duros com as pessoas dentro da nossa casa, mas não temos autoridade para isso. Como dizia meu antigo bispo: " nós, Cristãos, não estamos aqui para sermos justos, mas para sermos misericordiosos. A justiça é com Deus, não conosco".
E as vezes, precisamos sair da nossa zona de conforto, e chegar no obsuro, no desconhecido, com pessoas desconhecidas para que possamos reconhecer onde erramos.

Posso dizer que na minha zona de conforto tinha a felicidade de gostar do que vivia, mas ao sair da minha zona de conforto, não só estou próxima de viver o que sempre desejei, como também posso afirmar que essa é mais uma forma em que Deus salva. Não me refiro a salvação que teremos por viver eternamente ao lado de Deus, mas me refiro à essa vida aqui agora, quando a gente reconhece o nosso erro com o próximo. É agradável demais olhar para a vida que estamos vivendo e saber que estamos no caminho certo, isso te faz sentir paz. Não é uma paz duradoura, mas a falta dessa paz é o mecanismo para que eu reconheça quando estou sendo cruel, diabólica, e preciso mudar minha conduta.